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Quando a exceção vira rotina na alimentação infantil

Quando a excecao vira rotina na alimentacao infantil
Imagem Shutterstock

Estes dias postei na fanpage que comecei a planejar minhas tão sonhadas férias, que estão vencidas desde maio, mas resolvi marcá-las para janeiro e super aproveitar com a Clara. Comentei por lá que estou em busca de hotéis bacanas, que caibam no bolso, mas que também tenham opção saudável e adequada para crianças no cardápio, afinal, quando a exceção vira rotina na alimentação infantil, a confusão está feita e voltar a ter as rédeas é mais difícil do que se possa imaginar.

Algumas leitoras concordaram comigo, outras nem tanto, e algumas nem um pouco. Respeito todas as opiniões, mas não posso deixar de alertar o que acontece quando a exceção vira rotina na alimentação infantil, aí cabe o livre arbítrio para cada uma de nós, não é mesmo?

De todas as mensagens que recebi, teve uma que super me tocou, porque é a mais frequente nas casas que atendo. Sempre ouço: comeu pela primeira vez na casa da avó, deram pra ela sem eu deixar, ela viu na escola e agora quer sempre. Partindo destas afirmações, me choca ver tamanho desrespeito com a forma de educar que os pais escolhem para seus filhos. Pra mim, é inadmissível uma pessoa oferecer algo pra uma criança sem perguntar para os pais. É obrigação dos pais deixarem claro como querem seguir com a alimentação de seus filhos, uma vez que ainda existe muita falta de informação ou evolução nos pensamentos de algumas pessoas que logo retrucam: comi a minha infância inteira e não morri! E as pessoas ao redor, seja elas quem forem, DEVEM RESPEITAR e ponto!

Pergunta: como a gente faz para voltar aos nossos ideais? Eu sempre briguei e bati pé pelas coisas que acreditava ser as melhores, lutei contra as bolachas, mas acabei cedendo com ressalvas. Eu lutei contra os doces, mas na casa de uma amiga, o filho dela deu o primeiro pedaço de chocolate para a minha filha (na época com 1a 9m). Na casa da minha mãe ela acabou comendo bala “TIPO DE GOMA, MAS QUE É REMÉDIO E VENDIDA EM FARMÁCIA” (morri em milhares de categorias e nem quero pensar muito na qtdade de químicos e corantes que vão nisso), e teve “CEREAL AQUELE DO TIGRE” com açúcar, pipoca de micro-ondas e pipoca de panela com ACHOCOLATADO. Nos últimos dias tomou o iogurte da outra avó, industrializado sabor morango (eu chorando por dentro, sempre dei o integral com uma colherzinha de mel) e foi praticamente a única coisa que comeu o dia todo. E toda semana tem um chocolate. Hoje ela pediu chocolate. Ou seja, fui abrindo exceções e agora cada exceção é uma regra. Eu não tenho a alimentação super top que gostaria, mas em geral me esforço: integral, sem sal, sem açúcar. Compras na feira ou na lojinha “natureba”. Já o papai é daqueles “que mal tem?”. Toma refrigerantes, adora doce, bolacha recheada e afins. Tive o maior trabalho para convencer… Mas e agora? Como faço pra voltar pros meus ideais? Sem açúcar, sem corante, sem refinados ultraprocessados e aditivos misteriosos… como faço para a exceção ser mesmo um unicórnio e não mais parte da rotina? – Leitora do blog

**** Tirei a marca dos produtos e coloquei em letra maiúscula, pois não é uma questão de marca e sim de produto e qualquer produto da mesma categoria é da mesma forma errado, principalmente nesta situação. ****

Se a criança fica 3X na casa dos avós e ela ela come bolachas doces, não é exceção. São 3X na semana e o pior, na casa da avó pode e na casa em que mora não!

Se a criança vai em festas todos os fins de semana e lá come tudo o que quer, desde salsicha, nuggets, brigadeiros, doces e afins, não é exceção. Salsicha e nuggets nunca deveria ser dado para a criança, ainda mais em um ambiente que tem trocentas outras opções.

Se no lanche da escola tem gelatina de sobremesa 2X na semana, não é exceção.

Exceção é comer tender na ceia do Natal, é comer bacalhau na sexta feira santa, conseguem entender? Exceção não pode ser considerado algo que acontece toda semana.

Quando a criança começa a poder certas coisas em determinados locais, e ela gosta (o que é muito comum, pois normalmente são preparações ricas em açúcar que já é comprovado que vicia, com realçadores de sabor que também vicia as papilas gustativas), fica mais difícil você querer que ela siga uma alimentação saudável, principalmente até os 5 anos, quando é uma fase de muitas mudanças na cabecinha delas.

É uma fase onde elas querem mandar e sem saber as consequências de seus atos, choram, fazem escândalos e nos vencem pelo cansaço. É aí que mora o perigo, pois depois não vamos conseguir manter o hábito correto.

Seu filho pode comer super bem, todas as frutas, verduras e legumes, mas para a exceção virar regra e este quadro mudar é mais fácil do que você pode imaginar.

Já pensou como pode ser confuso para a criança ficar 30 dias de férias, comendo tudo que não pode comer os outros dias? Já pensou como é confuso para criança ficar 30 dias podendo comer sorvete todo dia, chocolate todo dia, lanche todas as noites no lugar no jantar e de repente, em um belo dia nada mais disso pode e ela tem que comer arroz e feijão? Férias não é sinônimo de comer só besteiras, assim como os demais dias não são só para comer comida. É preciso o equilíbrio os 365 dias do ano, mas sempre respeitando a faixa etária da criança.

Uma criança de 1 ano e 9 meses NÃO deve comer chocolate, um bebê de 10 meses NÃO pode comer biscoito de maizena, um bebê de 8 meses NÃO pode tomar leite engrossado com engrossante famoso cheio de açúcar, uma criança de 1 ano e 5 meses NÃO pode comer petit suisse industrializado.

Quando a excecao vira rotina na alimentacao infantil
Imagem: Shutterstock

Depois que a exceção virou regra, o correto é sempre conversar com a criança e explicar que tal alimento não faz bem e claro, não comprar, não oferecer, não dar em hipótese alguma até ela esquecer. Vai ter choro? Vai! Ela vai ficar sem comer o que você quer? Vai! Mas você não vai ceder, você não pode ceder! As rédeas da alimentação de seu filho é sua, não dele. É você quem determina a qualidade da alimentação dele e ele a quantidade do que vai comer.

Invista em pratos harmônicos, use a criatividade para chamar a atenção da criança com um prato de comida saudável, vá pra cozinha com ele e faça biscoitos caseiros, com menos açúcar e ingredientes desnecessários.

Clara quando desmamou virou bezerra. Só queria leite de vaca e queria trocar todas as refeições por ele. Ela tinha 2 anos e 2 meses. Depois de 40 dias tomando mais leite de vaca do que é indicado para sua faixa etária, ela começou a ficar mega congestionada, cheia de coriza, sua dermatite atópica piorou e claro, nada de apetite. Foi aí que resolvi cortar o leite de vaca e dar leite vegetal, mais especificadamente o de inhame para dar um up na imunidade dela. Gente, foram 4 dias de escândalos homéricos na hora do leite. Ela chorava, esperneava porque queria o leite de vaca, mas eu insistia que ela não podia tomar leite de vaca porque dava coceirinha no braço dela e deixava o nariz dela dodói. Hoje, ela toma leite de inhame batido com frutas, puro com canela ou só com cacau e fala pra todo mundo: – Clara não pode tomar leite de vaca porque dá dodói nela!

Mantenham sempre o foco, tenham paciência, acreditem, pois é possível. É difícil, mas é possível!

Beijos.

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